sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Capítulo um - segunda parte



Aqui está a segunda parte do capítulo um. Resolvi mudar a forma dos post, porque percebi que, aqueles que ainda não leram as primeiras partes podem acabar lendo um "spoiler" sem querer e isso acabaria com toda a graça. Agora para ler o capitulo deverão clicar em "mais informações" logo abaixo, e então serão direcionados ao texto completo.
E não se esqueçam de fazer comentários, o autor agradece. Até a próxima semana.



Apesar de estar dentro dos altos muros do castelo, ainda existia um bom trecho a ser percorrido até conseguir chegar à construção principal tão fortificada quanto a muralha externa. Existiam vários guardas por todo o caminho. Dois fixos na porta, alguns fazendo patrulha pelo perímetro e outros de vigia no alto do castelo carregando balestras ou arcos de longo alcance.
Nos grandes campos haviam alguns instrutores e alunos mais velhos que se exercitavam concentrados. Empunhando espadas de madeiras e atingindo alvos de palha, treinavam as repetições que poderiam salvar sua vida em uma luta.
– Eu irei treinar esses movimentos agora? – Perguntou o garoto curioso.
– Paciência. Hoje iremos começar com algo um pouco diferente...
– Cortar lenha?
– De onde tirou essa ideia? Não. Você primeiro tem que aprender a ler e escrever – Respondeu Sir Conlan o deixando em uma entrada lateral do castelo – E principalmente saber como se portar.
– Por que eu preciso aprender isso?
– Muitas vezes uma batalha pode ser finalizada antes mesmo de ser iniciada. Se você como capitão de uma infantaria puder poupar a vida de seus homens apenas com a diplomacia, sempre prefira fazê-lo. Muitas vezes a pena é mais poderosa do que a espada.
Sem dizer mais nenhuma palavra Alex seguiu sir Conlan e foi apresentado para o senhor de cabelos brancos que lia um grosso livro com uma fluência extraordinária.
Durante as primeiras duas semanas tudo que fez foi focar-se em aprender a ler e escrever. Já aprendera um pouco com sua mãe, Rosetta, então de inicio não teve grandes dificuldades. Por outro lado aprender os códigos de conduta, de lealdade e respeito, além de aprender como se portar diante de uma dama ou de um nobre, apresentou-se um grande desafio. Ainda não estava completamente aceito na escola, por isso toda noite retornava para sua casa ao invés de dormir em aposentos no castelo como as demais crianças. Aproveitava o seu pouco tempo livre para treinar escondido, os movimentos que memorizara durante o caminho pelos campos do castelo.
Repetia tantas vezes que se tornou quase mecânico. As palavras fluíam cada vez mais e se tornava comum portar-se com elegância e cavalheirismo. Vez ou outra notava que Sir Conlan observava os seus avanços e por conta disso sempre se empenhava ao máximo. Sabia que se perdesse essa oportunidade seria impossível obter outra.
Foi em um dia ensolarado, em que havia poucas pessoas nos campos que Sir Conlan voltou a falar com ele.
– Hoje é o último dia, está lembrado?
– Sim senhor.
– Então me mostre o que aprendeu.
Utilizando tinteiro, pena e papel começou a escrever os principais fundamentos de um cavaleiro. As vezes por conta do nervosismo sua letra ficava tremida. Sir Conlan avaliou aquilo com cuidado. Ele não estava tão bem quanto esperava, mas afinal tinha se passado apenas um mês, nenhuma criança aprenderia a escrever bem em um mês.
– Agora tente ler isso – Disse entregando-lhe um livro de capa verde.
Alex abriu na primeira pagina e começou a decifrar aquelas enigmáticas palavras lendo em voz alta. Ficou com medo de levantar a cabeça do livro para ver a expressão de Sir Conlan, e se tivesse feito isso veria que ele não estava muito animado. Novamente não o havia surpreendido. Por um momento, depois de ver Alex por dias esperando no portão do castelo, achava que tinha algo de sensacional nele. Poderia ser um prodígio ou algo do gênero, mas não passava de uma criança comum e ainda por cima com menos preparo que as demais.
O garoto não sabia se devia perguntar como havia se saído quando terminou de ler. Fechou o livro e o devolveu. Era claro a insatisfação de Sir Conlan, mesmo com ele tentando ocultar suas expressões e sentimentos. Havia perdido a sua única chance de mudar de vida. Agora tudo que restava era retornar para o campo e trabalhar com o pai.
– Isso é tudo? – Falou Sir Conlan com ar decepcionado.
Alex tentou pensar em algo o mais rápido possível. O que poderia fazer para mudar a sua situação? Então ele avistou um dos alvos de palha e recostado nele uma espada de madeira.
– Eu também treinei alguns movimentos – Disse ele não sabendo se aquilo o colocaria em mais problemas.
– Movimentos? Que tipo de movimentos?
– Movimentos com espada, como aqueles que os alunos mais velhos praticam nos bonecos – Disse Alex apontando.
– Quem te deu permissão de abandonar a aula e ir treinar?
– Eu não abandonei as aulas – Disse rapidamente tentando desfazer o mal-entendido – Eu treinava quando retornava para casa durante a noite, fazendo os movimentos que eu lembrava.
– Então vamos, me mostre.
Caminharam poucos passos e Alex empunhou a espada. Era bem diferente dos galhos que normalmente utilizava para treinar. Era mais fácil de segurar já que havia sido desenvolvida para isso. O contrapeso da lâmina também fazia com que os movimentos adquirissem uma maior precisão. Por outro lado era bem mais pesada, como uma espada real.
Tentou reproduzir os ataques que treinara por tantas noites da melhor forma possível. Repetiu todas as sequências que conseguia lembrar alternando entre elas até demonstrar tudo que conseguira aprender. Quando terminou o seu braço estava dolorido e gotas de suor escorriam por sua testa.
– Eu fiz bem em te escolher – Elogiou Sir Conlan com um sorriso nos lábios – Você tem talento.
– Isso significa que eu fui bem? Eu fui aceito?
– Não. Seus movimentos não têm velocidade nem força suficiente.
Alex ficou cabisbaixo.
– Por outro lado você tem um bom ritmo, uma boa respiração e aprende rápido. Com mais alguns anos de treino irá conseguir melhorar os seus pontos fracos.
– Isso quer dizer que...
– Sim, isso mesmo. Arrume suas coisas e volte em até três dias. Você foi aceito.
Todo o cansaço pareceu esvaecer de seu corpo e correndo ele voltou para casa.
– Você viu aquilo? – Perguntou Sir Conlan para um homem mais velho que já tinha alguns cabelos brancos se destacando nas têmporas.
– Sim, quem é ele? Há quanto tempo está aqui?
– É meu novo pupilo e está aqui há um mês.
– Um mês? – Perguntou o segundo homem abismado – A maioria das crianças leva pelo menos um ano para conseguir chegar ao nível que ele chegou.
– Acho que você vai ter um aluno surpreendente daqui para frente Sir Kalevi. Um aluno digno de um herói – Disse sir Conlan enquanto voltava andando para dentro do castelo.

Um comentário:

  1. Emocionaste-me fortemente com esse final novelístico, oh jovem escritor aventureiro. Voltarei para ver o que mais pretendes!
    Sir O.H.

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